sábado, 5 de dezembro de 2009

LENDAS E TRADIÇÕES QUE POVOAM AS MEMÓRIAS DOS MAIS IDOSOS



Lenda do Cavaleiro de Oliveira

Diz a lenda que o cavaleiro de Oliveira, Domingos Joanes, era ferreiro e que, abusando da ignorância de um pobre lavrador de S. Paio de Gramaços, lhe aceitou pedaços de ouro como se fossem pedaços de ferro, em ordem à reparação do seu arado.

Lenda da Serra da Estrela

Chegara aos ouvidos do Rei que todas as noites um pastor do alto da serra conversava com uma Estrela, a mais bela de todas.
O Rei mandou chamar o pastor e ordenou-lhe que lhe desse a sua Estrela prometendo em troca dar-lhe muita riqueza.
O pastor respondeu que preferia continuar pobre a perder a sua amiga Estrela, sem a qual não podia viver.
Ao voltar à sua pobre cabana, no alto da serra, o pastor ouviu numa doce melodia a sua Estrela contar-lhe do receio que tivera de ele se deixar levar pela riqueza.
O pastor afirmou-lhe a sua grande dedicação e ela contente prometeu-lhe que nunca deixaria de ser sua amiga.
Então, o velho pastor, em voz de profeta, exclamou:
- De hoje em diante, esta serra há-de chamar-se Serra da Estrela.
E conta a lenda que no alto da serra se vê uma Estrela que brilha de maneira estranha e diferente, como se andasse à procura do bom pastor.

Lenda da Aldeia das Dez

A lenda da Aldeia das Dez tem origem na Reconquista da península Ibérica e está ligada à designação actual da Aldeia das Dez, uma freguesia portuguesa do concelho de Oliveira do Hospital.
Segundo a lenda, durante a Reconquista cristã dez mulheres terão encontrado um tesouro numa caverna situada na encosta do Monte do Colcurinho. De acordo com a tradição oral e alguns documentos que sobreviveram, esse tesouro possuía um valor que ultrapassa o material.
Estas mulheres ter-se-ão apercebido da sua importância e, num pacto que persiste até hoje, terão separado entre elas as peças que o compunham e passado-as de geração em geração - mantendo até hoje por desvendar o segredo que encerram. Da composição deste segredo pouco se sabe com exactidão.
Quanto ao tesouro, crê-se que dele façam parte moedas Antonini com inscrições cifradas - sendo que uma destas encontrar-se-á cravada na moldura de um quadro que narra esta lenda. Deste quadro pouco mais se sabe, além de ter ressurgido em meados do século XX num antiquário de Oliveira do Hospital, para novamente desaparecer. Terá sido pintado por uma das descendentes das dez mulheres e crê-se que retratando a lenda poderá oferecer uma chave para o seu segredo.

A Serração da Velha


Só acontecia na "mi-careme" (pausa para "folguedos" no período da "respeitosa abstinência" que decorre a partir do termo do Carnaval até à Páscoa), quando um grupo de rapazes e homens feitos percorria as ruas, de noite, munidos de uma campainha, de um caixote e de uma tábua estreita de madeira, recortada tipo dentes de um serrote, detendo-se à porte de casa das mulheres idosas para "serrar as velhas".
Passava-se da seguinte maneira:
Enquanto raspavam a tábua dentada no caixote, no jeito de quem está a serrar lenha, iam cantando perguntas dirigidas às idosas, pressagiando-lhes morte próxima, no género "a quem deixas tu os bens?"; "a quem deixas tu o ouro?"; "a quem deixas tu a saia?"... As mais compreensivas respondiam, complacentemente, e desejando muito que eles voltassem para o ano, enquanto as mais rezingonas se aproveitavam da desatenção do insólito grupo para retribuir a graça, atirando-lhes com um balde cheio de borralha, ou o que quer que tivessem à mão, nem sempre muito conveniente...
Deixou de se realizar tal prática na década de 1950.

A Queima de Judas


No sábado de Aleluia, na escadaria frente à Igreja Matriz de Oliveira, pelas 10,00h da manhã, deitava-se fogo a um boneco feito de palha, vestido e calçado, com um chapéu na cabeça, na mão direita a bolsa dos trinta dinheiros, simbolizando Judas.
As bombas de foguete que lhe espalhavam pelo corpo, à medida que o fogo alastrava iam rebentando, por entre a vozearia de muitos populares que acorriam à voz dos sinos da capela de Santa Ana e da Igreja Matriz, chamando para a queima, satisfeitos por verem morrer queimado o traidor que vendeu Jesus. As moedas que caiam do saco ardido eram depois apanhadas e guardadas pelo Senhor Nautílio das Neves, o confeccionador do boneco.

Enterro de S Martinho

Realizava-se em Novembro, durante três dias, no largo do Outeiro e mais tarde na Rua de Baixo. No último dia velava-se "o morto", representado por uma cabeça de boneco em Madeira, vestido com traje masculino, metido dentro de um caixote, que dia dez adoecera, dia onze, piorara e dia doze falecera. Fazia-se-lhe nessa noite o funeral, com um grande cortejo de homens, mulheres e crianças, velas acesas na mão, percorrendo as ruas em que, como sinal da "confraria", houvesse uma porta com ramo de loureiro (eram as tabernas, também chamadas de "capelas"), onde alguns aproveitavam para beber "à saúde do morto", enquanto no coro choravam: "ai meu rico S. Martinho; ai meu querido irmãozinho".
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Consideras este tipo de património importante?
Sabias que não há nada pior para o desaparecimento do património que o esquecimento?

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